terça-feira, 17 de julho de 2007

Post Scriptum - Até, João Guimarães Rosa

Isto posto, o que me resta dizer mais sobre Guimarães e os conversadores literatos que não conseguem, por mais que se esforcem, sequer resvalar na mediocridade? Prova maior disso foi a grata surpresa deste último ciclo, agora em novo formato mensal. Longe - mas muito longe mesmo - de duvidar das capacidades cosmogônicas de Otavio, ninguém esperava levar uma rasteira ainda maior que as aplicadas por Borges e Cortázar, tampouco sofrer da mesma larica ocasionada pelos vagabundos iluminados de Kerouac & cia. O que o velho Guima, psicografado pelo jovem Otavio, nos trouxe de novo, foi a complexidade da vida simples do sertanejo, a musiquinha brejeira que aperta o coração quando toca na memória, a infância perdida que a vida adulta transformou em fábula, em sonho - e em poesia.
Foi tudo muito bonito, minha gente, até a porradaria estancou no melhor espírito cavalheiresco, talvez uma mesura, quiçá esforço hercúleo, em respeito ao nosso retorno à academia. A bela salinha do bloco C, no quinto andar, com capacidade de sobra para todo o nosso público - que a cada ciclo parece beirar o ideal, sempre revelando um novo participante cuja presença conseguimos desejar por mais de um encontro - parece nos inspirar e dar forças para prosseguirmos na empreitada, que nem é tão estafante como costumamos dizer por aí.
É isso. Não preciso me estender: Otavio já disse tudo. A mim só resta publicar as frases da noite e aprontar o velho Rubem para setembro próximo.
TMMJCL
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FRASES DA NOITE:
* "Todo mundo leu O apanhador no campo de centeio e eu achei um... um... um livro". (Max, homenageando Salinger)
* "Os grandes temas se esgotaram na bíblia". (Fabiano citando o missionário R.R. Soares)
* "Tem uns textos que a gente reclama co-autoria". (Reverendo esquecendo de vez aquele papo de mediocridade)
* "O Otavio fez um recorte genial"... (Sortudinho esquecendo de vez as piadas sobre o Kerouac)
* "Que coisa legal: blog"! (Professora Dalva, mentindo para nós)
* "Eu já fiz parte do grupo". (Adriana, rachando minha cara)

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Pequeno balanço do Ciclo Guimarães

Pensei, no início do ano, que não conseguiria organizar um ciclo a altura do velho Guima, principalmente por não ser um estudioso do autor. Os ciclos foram passando e percebi que a vontade que todos tinhamos de ler Guimarães se tornou mais forte do que a necessidade de 'aprender' sobre ele. Lembro da descrição dos olhos sacis feita por Marlon; lembro da participação relâmpago de Alexandre e seu enciclopedismo rosiano; lembro do primo do Max comparando Guimarães a Sarney; lembro de Fabiano Morais abrindo o terceiro encontro dizendo que não gostou de Meu tio, o iauaretê; Lembro... A verdade é que o ciclo caminhou ao gosto do Rosa. Fomos conduzidos por suas palavras e nossas reflexões quase sempre esbarravam no elogio. Até que chegamos ao último encontro e lá estava, como prometido, a Professora Dalva Galvão. Miguilim era a bola da vez. Tinhamos um texto longo, não lido na íntegra por todos. Tudo propício a não render. E ela o fez. Cercou de palavras nossos pensamentos frouxos, alinhavou os momentos taqueopariu e construíu, através de uma emocionante leitura, o cenário mais perfeito para o desfecho de nosso momento rosiano. Miguilim fez com que percebessemos um pouco de tudo que vimos nos encontros anteriores e que olhássemos além. Vimos com Miguilim, se me permitem o trocadilho, que o bom mesmo é 'viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.' Encerramos então o ciclo Guimarães Rosa percebendo que as histórias estão todas ditas. Já se falou de tudo, já se fez todo possível. A literatura, essa que chamamos assim por sabê-la assim, sempre nos revela algo novo em sua mesmice. Vide Borges. Saímos dos chapadões e do Mutúm para habitar as ruas do Rio de janeiro. Não, não é o Pan. São as veredas de Rubem Fonseca e sua arte de saber andar pela cidade.